Os movimentos ágeis de seus corpos causavam nele leve ojeriza. Era, de certa forma doentio observá-los. Mas ele queria. Almejava. Implorava. Quase dava para senti-los mexendo. Leeeentoooos, determinados. com forme o tempo ia passando, líquidos eram produzidos e por eles liberados, lubrificando o ambiente, facilitando a movimentação.
Aqueles inocentes e pequenos logo teriam um triste fim. Fim este que, planejado com antecedência, tudo tinha para dar certo. Planejado por aquele que toda a cena observava.
Cuidadosamente, pegou o serrote e começou a serrar a pútrida peça de carne. Fatiou em pequenos pedaços. Separou-os. O restante da peça foi para o refrigerador. Acendeu a boca do fogão e numa frigideira despejou o azeite, os alhos e cebolas.O novo cheiro empesteou a casa: comida boa chegando. Quando o alho e a cebola estavam douradinhos, jogou os pedaços da escura carne.
A mesa, arrumada para duas pessoas, estava impecável.
- Déstruza, amor, o jantar está servido!
Um longo silêncio se seguiu.
- Venha, o jantar vai esfriar!
O barulho das rodas da cadeira anunciavam a chegada de uma adoentada mulher. Seu rosto, mostrava muita dor.
- A anestesia já está parando de fazer efeito? – perguntou preocupado, olhando para onde deveria estar a coxa de sua esposa.
A moça mal conseguia falar, seu rosto inchado e protuberantemente roxo bem que tentou emitir algum som. Tudo o que conseguiu foram lágrimas.
- Deixe-me ajudar. Assim - posicionou a cadeira de rodas em um dos cantos da mesa, de modo que ficasse de frente para ele – prontinho! Vou lhe servir agora.
Pegou o prato e montou-o perfeitamente, quase como uma obra de arte.
- Coma, a carne é de primeira! E essas aqui – apontou para as larvas frescas – eu acabei de colher! Prove! Acho que amanhã poderei tirara mais algumas de seu braço.
Ela chorou. As lágrimas pareciam que iriam sufocá-la, junto com os soluços.
Ele se alterou.
- Você sabe que eu odeio lhe bater, mas se você continuar chorando assim vou ter que tomar uma atitude!
- Burquê? – perguntou, ou tentou perguntar a mulher – se nada faço de correto, burquê fica comigo?
- Ora, minha amada. O casamento é assim: Até que a morte nos separe.
E com uma largo sorriso, colocou lenta e docemente a comida na boca de sua esposa.
Bonzinho ele, né?
ResponderExcluirSe eu estudasse a intenção do autor...
Será que é esse o modelo de marido que a escritora pensa?
Claro que não... Que besteira minha...
todos sabem que autor, narrador e personagem não se confundem...
Mas, de qualquer forma, fico feliz de você não saber onde moro...
E mais feliz ainda por não cruzar contigo nos corredores da UnP...
Acho que vou até parar de seguir seu blog... vai que você me rastreia...
Eu SEI onde você mora u.u
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